domingo, 6 de dezembro de 2009

A contemporaniedade da Guerra
























Muitos de nós já vimos filmes que por alguma razão envolviam cenários Bélicos. Alguns, muito conhecidos entre nós, sobre guerras napoleónicos, outros, tambem muito comuns, sobre a guerra da Ultramar. Dois cenários muito ligados a Portugal. Porém, diferenças surgem entre os dois tipos de conflito.                                
     Escolhi os estes dois exemplos para comparação porque são os que mais nos tocam, porem para evidenciar a passagem de um tipo de guerra ao outro, irei falar sobre um acontecimento belico que poucos Portugueses prestam atenção. Lá chegaremos. Primeiro, a que me refiro quando falo de diferença entre os dois tipos de combate armado? Bom, ao olharmos para um exército tipico Napoleónico, este ressalta pela sua extrema organização, formação em quadro ou colunas, com disposição de efectivos bem regrada. O confronto dava-se quando dois exércitos inimigos se defrontavam, em campo aberto, formados em colunas, que chocavam umas com as outras.
 


 Em muitos casos a vitória era conseguida pela destreza dos atiradores de cada coluna e a sua rapidez em "contra-manobrar" o inimigo. Jocosamente dir-se-ia que ganhava o exercito que tivesse mais homens. Além disso, o ataque tinha uma determinada sequencia, primeiro entrava a infantaria, após um fustigar de artilharia. No final, quando a vitória era já avistada, a cavalaria era enviada para esmagar o que restava do exército inimigo.Isto seria uma imagem básica de actuaçao de um exército Napoleónico. Porém, ao observármos a evolução do combate desde a primeira grande guerra notamos uma certa diferença. Claro que a organização do exército possui ainda a sua base. Dentro do exército a Infantaria, Cavalaria, Artilharia e a Marinha e novas adições como Infantaria Móvel, Veiculos de uso Especial e uma das mais importantes inovações, a Força aérea. Mas a movimentação de tropas veio a modificar-se muito. Já não se trata de confrontos só em espaço aberto, mas estes podem ocorrer em qualquer tipo de locais. Especialmente em ambientes urbanos durante a segunda grande Guerra). Mas para isto ocorrer, teve de se implementar novas táticas. Falo do combate tipo guerrilha. Não se opta por confronto aberto. O objectivo é a camuflagem, dissimulação e ataque surpresa, tal como aconteceu na guerra Ultramarina. O Mato Africano mostrou-se ideal para este tipo de Guerra. Porém não seria no seculo XX que a "formato tático" de guerrilha se estrearia. A definitiva prova veio em formato de "Sublevação" (?). A semente para tal sublevação foi plantada em 1795, com a chegada inglesa à cidade do Cabo, corrida contra os revolucionarios franceses pelo dominio da passagem para a India. Desde esse ano que não mais a Inglaterra se ausentaria da Africa do Sul. Depois de algumas confusões entre Ingeses e Holandeses, em 1806 a Colónia do Cabo passa oficialmente a ser parte das "terras de sua majestade". Não tardou que o poderio Britânico fosse contestado. A verdade é que, não suportando mais a presença dos Casacos Vermelhos (Britanicos) grandes movimentações de Boers (Agricultores de descendencia variada, antepassados dos Afrikaans actuais do Orange Free State) levaram cerca de 12 000 individuos a rumarem para Norte, para uma zona designada por Transvaal ( do Afrik: Além do Rio Vaal) e zonas limitrofes. A Toponimia que se regista desde a cidade do Cabo até às fronteiras sul africanas a norte revelam as ascendecias Holandesas da população. Já nesta zona se tinham assentado os Boers (Afrik: Boore) quando se verificou uma riqueza mineralógica por toda a zona central de Africa. Foi então que se deu o confronto entre estes Agricultores "deslavados" e as tropas da Rainha por um dominio dos recursos locais. O conflito conheceu duas fases, a primeira de 1880-81 a segunda de 1899-02. O que nos interessa é a primeira fase. O que acontece é que a mobilização britânica se deu de maneira quase Napoleónica. Grandes contingentes movimentavam-se por planicies abertas e como se isso não chegasse, os seus uniformes Escarlates eram visiveis por Quilometros em volta. Uma grande massa vermelha no meio de uma planicie amarelada não é dificil de ver. Mais espertos foram os Boers. Como não eram um corpo bélico organizado, sem hierarquia (à exepção de alguns lideres) não possuiam uniformes. Na verdade, a sua roupa (Khaki) era adaptada aos trópicos. Com cores tipo terra e chapéus largos para proteção do sol, aliaram ao seu combate o conhecimento do terreno. Não eram raras as emboscadas que se davam a uma muito cutra distância. Isto testemunhava a grande vantagem da camuflagem. As tropas ingleses eram ignorantes no que dizia respeito aos ataques inimigos. Não se sabia onde se escondia o inimigo, nem quando aconteceria o ataque. Os oficiais Britanicos, com a sua formação rigorosa, ordenavam às tropas para firmemente se manterem em formação e de atirarem de forma regulada em linha de fogo, com fileira assente num joelho e fileira/as traseiras que disparavam alternadamente com a primeira, sempre à ordem do oficial de serviço (o famoso Volley Fire). Com isso não se interessavam os Boers, que atiravam oportunisticamente (peço desculpa se parecer um termo desapropriado) apontando a alvos indiscriminadamente e de locais ocultos. A isto aliou-se tambem a tecnologia.

Os contactos que a nação Boer tinha com a europa permitiu-lhe a obtenção das armas de fogo de boa qualidade. Durante o primeiro conflito muitas eram as armas de tiro único de carregamento por Culatra, tipo Martiny-Henry e poucas eram as armas de repetição. A pólvora sem fumo permitiu que, Agricultores e Caçadores experientes, com experiencia de exterior conseguissem "abafar a tiro" as colunas Britanicas. Parece que os ingleses aprenderam a lição e quando se instalou a segunda guerra Anglo-Boer estes vinham já preparados, com táticas mais apropriadas para o combate de guerrilhas. De facto, nunca mais seria empregue a formação Napoleónica e rígida no exercito Imperial Britanico.  Do ponto de vista das evoluções táticas contemporaneas, o conflito Anglo-Boer torna-se extremamente interessante por representa os primórdios da Guerra Contemporanea. Não só exterminou com as táticas Napoleónicas e Prussianas, como levou a que se adaptasse rápidamente todos os grandes exercitos para este novo tipo de conflito, que voltou a ressurgir em todos os grandes conflitos precedentes. A grande prova disso é a presença de uniformes camuflados em todos os grandes exercitos. A roupa colorida é reservada a cerimónias. Embora os combatentes Boers tenham sido derrotados, conseguiram marcar permanentemente a mentalidade bélica.

(Foto 1: Guerreiros Boers em Ladysmith, Circa 1899; Foto 2: Uniformes Britânicos do 24º Regimento em Isandlwana, Africa do Sul - ilustração de Tim Reese, CD dos Uniformes da Guerra Zulu;)

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