terça-feira, 27 de outubro de 2009

VAI DE MOTA


Eis a primeira reconstituição, necessariamente criativa embora baseada em exemplos estudados, da mota de Perafita ou, se quiserem, de Adaufi. Trata-se da primeira estrutura deste género encontrada em Portugal e tem, por isso, uma importância enorme. Há muito tempo que o professor Mário Barroca andava à procura desta mota mas finalmente ela parece ter sido encontrado. Tudo indica que se encontra junto a um bairro social da freguesia de Perafita, a oriente do saída do IC1 para o aeroporto (sentido Sul-Norte), num terreno onde é visível a mamoa que a identifica. Falta agora o mais importante: confirmar a descoberta e proceder aos trabalhos arqueológicos. Para breve está marcada uma visita ao local dentro do programa da exposição "Leça - o Rio da Memória". Desta mota há notícia, segunda Barroca, num documento de 1038, onde surge com o nome de mamoa de Adaúfi ou Monte Belo. As primeiras notícias de motas surgem sobre a viragem do primeiro para o segundo milénio, no auge da feudalização, sendo um fenómeno corrente no vale do Loire e no vale do Reno. Mais baratas que um castelo e mais fáceis de construir, foram também solução adoptada na Grã-Bretanha, onde surgem referências em 1066. Há notícias de motas até 1154. Trata-se de um monte artificial com um fosso à volta, com uma paliçada de madeira e muitas vezes com páteo. Localizavam-se nem sempre em montes elevados mas sobretudo em zonas estratégicas (portelas, por exemplo). Neste caso de Adaúfi estaremos perante uma estrutura que podia proteger o abastado proprietário e os seus trabalhadores de ataques vindo da orla costeira, bem próxima. Nem todas as motas eram estruturas militares e uma delas foi identificada em Ponte de Lima, funcionando como levada de água.

Sem comentários:

Enviar um comentário