terça-feira, 24 de novembro de 2009

OS VASCONCELOS


Na passada semana na FLUP realizaram-se duas das três sessões de um colóquio dedicado a Carolina Michaelis e a Joaquim Vasconcelos. Carolina Michaelis é um nome bem mais conhecido mas foi uma oportunidade para descobrir o seu parceiro de muitos anos. Joaquim Vasconcelos foi um daqueles "homens únicos", classificado por um dos palestrantes como "heterodoxo e desalinhado". Costumava dizer: "Não precisamos de ser sacerdotes para podermos falar com Deus". Com Rocha Peixoto e Ricardo Severo, dinamizou a vida cultural do Porto e criou o Museu Comercial e Industrial deste cidade, que funcionou no Palácio de Cristal e infelizmente foi desmantelado. Hoje o seu espólio seria precioso para a área da chamada "arqueologia industrial". O casal Vasconcelos conseguiu reunir uma biblioteca com 6000 volumes que, juntamente com inúmeras cartas e outros documentos, se encontra na Universidade de Coimbra. Autora do histórico "Cancioneiro da Ajuda", Carolina foi a primeira mulher a leccionar numa universidade portuguesa - Coimbra - e correspondia-se bastante com José Leite Vasconcelos. Fiquei mesmo com a sensação que o trocavam era um pouco mais que correspondência... Sendo um tema que interessava sobretudo a quem estuda história da arte e filologia, surpreendeu-me o facto de não ter visto ninguém da arqueologia na sala, embora não tenha podido acompanhar na íntegra as sessões. Também vi poucos estudantes de outras áreas. Presumo que o povo anda muito preocupado com as eleições para a associação de estudantes...


Retive ainda uma citação de Fernando Pessoa referida por um dos palestrantes:
"Resta-nos fazer a história do que poderia ter sido".

Ora nem mais.

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