sábado, 11 de setembro de 2010

AINDA SANFINS


Uma casa unifamiliar com particularidades inéditas na acrópole e um cemitério medieval foram encontrados na Citânia de Sanfins, em Paços de Ferreira, por um grupo de 20 alunos do curso de Arqueologia Proto-histórica da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Estas descobertas surgem dezassete anos após as últimas escavações realizadas naquele local.

O trabalho decorreu durante dez dias, e nesse espaço de tempo, os alunos, sob o comando de Armando Coelho, director do museu e responsável pela exploração e conservação da Citânia de Sanfins, fizeram uma escavação com 88 metros quadrados junto ao marco geodésico. O objectivo: estudar uma casa unifamiliar com particularidades inéditas na acrópole, que, segundo Armando Coelho, "deve corresponder ao século III para II a. C.. É uma casa castreja com bancos de pedra ao redor dos muros e que tinha pelo menos três momentos de ocupação, três sobreposições. Estudámos as duas primeiras e estudaremos a restante numa outra fase", contou.

Além da casa foram ainda encontradas sepulturas de um cemitério medieval cristão que será do século xii, onde foram encontrados carvão e pequenos fragmentos de ossos. "Grande parte dos esqueletos que encontrámos estavam destruídos devido ao facto de a terra nesta zona ser muito oxidada, mas os fragmentos encontrados serão suficientes para definir o género e a idade dos corpos a que pertenceram", esclareceu ainda Armando Coelho. Além destes, os alunos de Arqueologia encontraram ainda no terreno vestígios de ferro e estanho, que indicam actividade metalúrgica.

Para Armando Coelho, estas descobertas comprovam que existiu uma fase de povoamento mais antigo, que remonta ao século iv a. C.. "Há uma fase de ocupação e uma reocupação que já sabíamos que existiu; agora, com esta descoberta, confirma-se a existência de três momentos: o proto-histórico, o romano e a recuperação medieval", frisou.

Segundo Armando Coelho, este "é um achado excepcional, pois foi a primeira vez que encontramos isto em 50 anos". Depois das escavações, o passo seguinte será analisar detalhadamente e realizar um estudo minucioso sobre as descobertas.

A última vez que decorreram escavações foi há 17 anos. Segundo Armando Coelho, isto deve-se ao facto de os trabalhos arqueológicos exigirem "trabalho de campo, investigação de materiais e exposição. Não se pode escavar sem estudar e conservar, e, por isso, depois de um intervalo recomeçamos quando chega o momento oportuno e quando temos condições para suportar o espólio das escavações".

Também António Coelho, vereador da Cultura da Câmara de Paços de Ferreira, reforça esta necessidade de se criar condições para guardar os resultados das escavações: "Fomos canalizando recursos financeiros para aumentar o nosso espaço de Museu e para criar o Centro de Arqueologia, e assim que reunimos as condições para retomar as escavações, foi o que fizemos".

in DIÁRIO DE NOTÍCIAS

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